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A dor humaniza as pessoas

A dor humaniza as pessoas

Quando sentimos dor, tudo fica mais à flor da pele, já perceberam? Parece que a pele invisível que nos conecta com um ser-que-habita-dentro-de-nós se expande. Se a dor é de cabeça, a nossa cabeça cresce e pulsa, não havendo limite – mesmo sendo física não conseguimos tocá-la. Se temos algum tipo de infecção que se agrava, sentimos e pensamos que nos resumimos àquela dor em alguns momentos, e quando pensamos em sua melhora parecemos capazes de abraçar e sentir todos os detalhes que deixamos de ver no mundo, como se até o tempo fosse pouco para se conseguir alcançar. Para ficar mais fácil de visualizar essa situação, é só pensar em alguma vez que seu corpo adoeceu e sua casa foi a sua cama. Ou qualquer outra situação limitante.

Existe dor que nos mostra que não há remédio que cure amanhã e que temos que aguardar o ciclo do vírus, por exemplo. Nesse intervalo entre a dor e a melhora parece que surge um novo mundo e até um novo sujeito que antes não nos habitava, vontades que não moravam ali e que de repente bateram na nossa porta. Cada um irá lidar com a dor e elaborá-la à sua maneira.

Não estamos isentos de saber que estamos em um corpo físico, que o nosso inconsciente sente também como é necessário se recolher, mesmo não parando de trabalhar. Porém, se não estamos com o mínimo de vitalidade e energia, o corpo não reage ao que é falado pelo inconsciente. É necessário dar espaço para a dor existir e se mostrar, quando se é inevitável e agir para a sua regressão.

Nisso então precisamos fazer com que esta pele invisível que cresce no período da dor tenha seu tempo de discernimento e também entender o seu processo – e se você que está lendo chegou aqui for além, perceberá isso também na dor emocional.

A dor nos humaniza e também é capaz de nos trazer pequenas doses de liberdade quando pensamos em sua melhora, nos aproximamos de entender qual é o nosso limite, não precisando romantizá-la e nem enxergar como algo que será produto de uma futura motivação.

Basta acolhê-la. E se não dermos conta, tudo bem. Que assim ela nos mostre com quem podemos contar.

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