Todos os dias abro minhas redes sociais, e encontro alguém de luto, nunca vi (na minha geração) tantas pessoas enlutadas com tanta frequência. O que dói muito.
Mas o que é um luto?
Para cada um, a experiência do luto é um saber, é um momento em que forçamos a dar sentido a nossa existência sobre o amor que nos religa aos outros. Uma experiência cruel, diga-se de passagem.
Seria a idealização do Ser desaparecido, o trabalho do luto? A negação poderá vir do Real para estruturar um delírio das negações? Mas o que seria a melancolia? É mais grave do que um luto patológico, isso eu sei. Ficamos à procura pela responsabilização, “poderia ter feito diferente, e se tivesse feito isso ou aquilo ele(a) não teria morrido”. A culpa, seria uma espécie de punição pela limitação, pela fantasia de não ter “evitado” a morte do seu ente querido? Freud chama de culpabilidade delirante. A prova da realidade em mostrar que o ser amado não existe mais.
No luto sentimos a falta do olhar do outro, aquele olhar nos fazia diferença no viver, sem esse olhar não sabemos sequer nosso valor, nosso lugar no mundo. Não fazemos mais falta para esse outro. Isso é muito frequente, é humano.
No luto o mundo se tornou pobre e vazio. Eis a representação do ser amado. Frequentemente quando se perde alguém, esse, é imediatamente idealizado, por mais chato que tenha sido, agora é um santo. À verdade que esse sentimento de perda é irremediável. Há uma perda de amor.
Cada luto cria tipos de rearranjo para dar conta de cada partida. Ou seja, não respondi o que é o luto, respondi o que ele nos representa e olhe lá, difícil colocar tamanha dor em palavras, ademais, a dor é individual e inacessível para quem não a sente.