Quando vamos pensar sobre o corpo, a constituição disso que chamamos de corpo, levamos em consideração o que para medicina convém, que é justamente um agrupamento de células. Porém não é só isso, o corpo vai muita além de somente essas definições fisiológicas.
Para a psicanálise, o corpo é constituído a partir da linguagem. Isso porque existe um contexto no qual estamos inseridos, então essa construção do corpo envolve uma interação com nossos entes parentais. Esse corpo então é banhado de nomeações e com isso uma herança simbólica parental. Para elucidar essa questão, podemos pensar quando um bebê nasce, ele por vezes antes mesmo de nascer, foi sonhado e falado pelos pais. Por este motivo o bebê se constitui como um ser que fala a partir das marcas deixadas por estes entes parentais.
Agora, com essa breve elucidação sobre a constituição do corpo, podemos pensar sobre o corpo de uma mulher. Quais são os simbolismos que cerca esse corpo? Hoje em dia, se fossemos pensar sobre essa questão, coletaríamos informações de que a mulher tem seu corpo marcado como sensível, frágil, sensual, erótico entre muitos outros simbolismos.
Com isso, justamente nesse mês que se fala da prevenção do câncer de mama, podemos refletir o quão significativo são tais questões em torno do corpo de uma mulher, e desse órgão que está em destaque, o seio. O câncer de mama, se dá neste órgão que coloca a mulher como provedora, nutridora, fonte de vida. De uma maneira geral isso quer dizer que é neste órgão que a mulher alimenta fisicamente e psiquicamente um bebê, logo, é falado como um símbolo da maternidade, para além de outros simbolismos que cerca o seio feminino, que em suma é fonte de desejo dos homens.
Contudo, pensar que uma mulher com câncer de mama não está ligada somente com a patologia, mas sim com essa carga simbólica e cultural é de extrema importância olhar pra isso e identificar o sujeito que está ali, quais foram as marcas dos entes parentais, como é que essa mulher olhava para seu próprio corpo, quais os simbolismos que ela carrega junto dela sobre esse órgão. Considerar e compreender essas especificidades é crucial, para que o sujeito possa falar sobre tais angústias e conflitos ocasionados pelo câncer de mama, as patologias mamarias e os demais conflitos que surgem de tais questões.
Conheça a autora deste texto: Psicanalista Fabiola Afonso Magalhães
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