Nas vitrines, televisão e redes sociais, as tarjas gigantes com anúncios de preços baixos “chamam” o nosso olhar, fazendo brotar desejo por aquele novo eletrodoméstico que até então nem havíamos nos dado conta que existia ou do tênis para as corridas que ainda nem começamos. E a lista de objetos só aumenta. Mal percebemos que nesse momento nós é que somos os objetos de consumo de um sistema.
Em momentos como esse, de propaganda massiva e expectativa pelas ofertas, nos deparamos com nossas faltas, sejam materiais ou emocionais, e tentamos supri-las a todo custo – ou pela metade do preço. O capitalismo estimula a produção e consumo de objetos e os associa ao sucesso e à felicidade e nós compramos direitinho essa promessa de satisfação e plenitude, como se a aquisição de novos produtos pudesse nos blindar da nossa realidade faltosa.
Mesmo numa sociedade que enfrenta as consequências de uma pandemia e seus reflexos na economia, o apelo da mídia desperta necessidades de consumo em todas as camadas sociais, o que sugere uma suposta democratização do desejo, onde todos são convidados para participar da festa do consumo, mas poucos tem real acesso a ela. Aos que não tem o nome na lista para adentrar o evento, resta a frustração, que se manifesta nos corpos e na mente.
Queremos lembrar que o consumo é inevitável, mas você pode escolher o que consumir! Esteja aberto à particularidade de seus desejos e não daquilo que lhe é imposto. Nesses últimos meses, enfrentamos muitos desafios e percebemos que o maior bem é realmente a vida e a saúde, seja nossa ou daqueles que amamos.
Nesse final de ano, o que de melhor podemos oferecer é a nossa presença e abraços apertados.