O que pode estar levando essas crianças ao desespero? Questionamentos acerca desses atos trágicos são necessários.
Um hospital pediátrico de Curitiba tratou 52 crianças e adolescentes por autoagressão. O número é 173% maior do que o total de atendimentos realizados no ano anterior. O que mais assusta é a menor idade atendida pela instituição, por causa de idealização suicida, com apenas 7 anos.
Nosso questionamento parte do momento que estamos vivendo. Seja pelo período pós-traumático, surgido a partir da pandemia, seja pela “falta” de tempo no convívio de qualidade com os filhos.
Um tempo de lutos, de aumento das incertezas próprias da vida, de insegurança e perdas de trabalho e renda. Fatores que levam à irritabilidade, impulsividade e regressão na personalidade. Todos se tornam mais infantilizados diante de grandes sofrimentos. Nosso psiquismo regride aos tempos anteriores como uma forma (atrapalhada) de defesa.
Mas é inegável também que a infância e a vida familiar, ambas têm sofrido grandes mutações em um curto período de tempo. Observamos em nossos consultórios que as queixas mais recorrentes são a falta de diálogo com os pais, a falta de tempo no convívio e o sentimento de falta de importância que várias crianças têm sentido. Muitas têm tido o sentimento de que são um peso ou um custo oneroso e sentem culpa pelo estresse dos pais.
Outras queixas que causam dor significativa são bullying na escola, violência doméstica, perda de um ente querido, uso de drogas e outras substâncias, divórcio dos pais e também a grande dificuldade no aprendizado.
São situações em que as crianças se sentem mais vulneráveis e surge a necessidade do cuidado com a saúde mental. Situações que também podem mudar a partir do resgate de bons diálogos e trocas com as figuras parentais. Também representadas avós, madrastas ou padrastos.
Quando essas figuras parentais não estão bem para amparar suas crianças, devem procurar ajuda. Procurar tratamento. Existem setores públicos, serviços assistenciais do município, CAPS, clínicas de universidades, entre outros.
Existem projetos como esse da PsiSocial, onde podem tratar o sofrimento psíquico.
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