Todos os dias nos deparamos com notícias de violência contra as mulheres. Fato que se impõe e escancara o machismo estrutural e a cultura patriarcal que impulsionam a violência e assédio, denunciando a desigualdade de gênero, a desigualdade social e a falta de políticas públicas para amparar estas vítimas, em seus vários aspectos e entre eles na condição emocional, marcada pelo desamparo.
Entre os dados estatísticos (Anuário Brasileiro de Segurança Pública), as mulheres negras são as maiores vítimas de agressões, homicídio e feminicídio, demonstrando que a raça é determinante na história de vida destas mulheres. Estereótipos construídos ao longo dos séculos influenciam a construção da identidade da mulher negra, fazendo com que a violação contra elas seja “autorizada” ou vista como “normal”. E ainda hoje, na escuta de algumas mulheres, nos deparamos com a condição de que muitas delas, vítimas de violência, também acabam achando que a violência contra elas é normal.
O que predomina, em muitas destas situações é o medo, a desesperança e até a dependência emocional em relação ao agressor. Aspectos estes que destroem a autonomia, a autoestima e capacidade de empoderamento destas mulheres.
Sobreviver e encontrar pessoas, numa rede de apoio é tarefa árdua. Felizmente muitas mulheres negras ou de outras raças, conseguiram sair da violência, mas outras ainda permanecem em sofrimento. Neste sentido a sociedade precisa se movimentar combatendo a naturalização da violência.
No dia a dia, as pequenas mudanças na vida das mulheres, vítimas de agressões, podem vir a partir da escuta de seu sofrimento e desenvolvimento de recursos emocionais em processos terapêuticos.
Mudanças estas que podem pôr fim aos anos de muita dor e desamparo.