Há um longo caminho que entrelaça um corpo a um divã. Comumente, há um percurso longo, com muitas sinuosidades. Há sempre muito sofrimento, muita dúvida, muita inquietação e muita alegria envolvidos. De modo geral, tornar-se analisando envolve falar, deixar-se falar, perguntar, deixar de perguntar, duvidar, deixar-se duvidar, entre muitas manhãs, tardes, e noites de frente com alguém que oferece muito ao mesmo tempo que oferece tão pouco. O que se faz em uma clínica é oferecer um espaço para escuta. Espaço este que não encontra semelhante, que é singular a cada paciente, e que é forjado simplesmente através da fala.
Busco oferecer este espaço tão singular que possibilita tanto chorar por tudo que se sabe, e por tudo que não se sabe, quanto rir por tudo, e rir por nada também; porém, tanto para um quanto para outro, há sempre muito trabalho envolvido. Não é fácil rir para quem está sofrendo, tal como não é fácil chorar para quem está acostumado a rir. Há trabalho em recordar. Há trabalho em repetir. Há trabalho em elaborar. Pode não ser sempre tão fácil trabalhar e manter este espaço, como pode não ser tão difícil também. Meu nome é Caio Marcello, sou psicanalista e trabalho oferecendo este espaço. Meu percurso de formação envolve todas as vezes que me deitei no divã, todos textos que li, todos textos que não li, bem como todos os alunos que ensinei, todos clientes que eu servi, todas músicas que cantei, e nada disso também.
Meu percurso analítico envolve uma trajetória de milhares de quilômetros, duas culturas, duas línguas, e um desejo imenso que movimenta meu fazer, tanto na clínica quanto fora dela. Eu trabalho sempre na esperança de ensejar um bom encontro, de construir este espaço único, tal como, fortuitamente, este espaço foi construído para mim. It’s a pleasure to meet you. Que seja um bom trabalho.