Em nosso dia a dia podemos nos deparar com diversas situações que nos deixam ansiosos, seja conversar com alguém desconhecido, seja a possibilidade de receber uma notícia ruim ou até mesmo até um lugar desconhecido. Não é incomum hoje em dia sentirmos ansiedade em ser alguém, com pensamentos do tipo “o que me falta para ser alguém?” “Me falta aprender a falar inglês?” “Me falta fazer essa graduação ou pós-graduação?” “Me falta uma casa? Mas e depois disso?”. Atualmente também é normal escutarmos sentimentos de ansiedade frente ao estado em que o mundo está, sobre a política nacional e internacional, sobre as mudanças climáticas, sobre o futuro do trabalho e dos empregos. Mas o que nos faz sentir essas múltiplas formas de ansiedade?
Essa primeira introdução nos mostra que ao falarmos sobre ansiedade, estamos falando sobre um fenômeno de muitos fatores, falamos da cultura na qual vivemos, de nossa história, de nosso futuro, de nossa relação com outras pessoas. Mas ao falarmos de ansiedade também falamos da singularidade de cada um, da forma com que cada um experiencia a vida, o que traz desconforto e que movimenta os sentimentos. Todos nós podemos nos sentir ansiosos, mas para alguns essa ansiedade pode se manifestar com mais força do que para outros, podendo causar paralisias tanto mentais quanto físicas (“não conseguia sair do lugar”), também pode causar sentimentos de perda de sensações do corpo (“parecia que eu não estava lá, as coisas aconteciam, mas é como se eu estivesse em outro lugar”), até sentimentos de medo e pânico, com o aumento dos batimentos cardíacos e hiperventilação. Nesses casos a primeira opção que pode ser cogitada, para um rápido alívio é o consumo de algo, seja uma água com açúcar até o uso de psicofármacos.
A utilização de métodos para regular a ansiedade pode apresentar efeitos muito rápidos, mas como foi apresentado acima, existem muitos fatores que englobam a ansiedade. Por isso proponho um pequeno exercício para pensarmos sobre a ansiedade. Vamos imaginar que ela é um alarme vermelho e barulhento em nossa casa, quando esse alarme toca, nos assustamos, o barulho nos ensurdece, ficamos confusos e às vezes até mesmo paralisados. Podemos tapar os nossos ouvidos, mas não diria ser aconselhável apenas tapar os ouvidos e ficar no mesmo lugar. o alarme pode estar sendo disparado por várias coisas, seria um incêndio? Um vazamento? É um sinal para evacuar o prédio? Ou um treinamento? Podemos pensar o mesmo da ansiedade. Ela causa um desconforto muito forte, e nossa maior vontade é que ele só pare, mas também ela serve como um alerta para algo que não é perceptível de início.
Dessa forma, uma análise pode auxiliar cada um a entender o que é a sua ansiedade, para o que ela aponta e o que ela pode estar dizendo sobre cada um de nós. Sim, esse processo pode ser mais longo, mas se voltarmos ao exemplo do alarme, valeria a pena passar um tempo para investigar a causa do disparo desse alarme, compreender o que está acontecendo com essa casa, para então saber o que fazer com esse alarme?