São vários os pacientes que, ao procurarem tratamento por estarem em crise, alegam agravamento do sofrimento em razão do contexto sócio, político e sanitário do momento, provocado pela pandemia de coronavírus.
Um deles chega dizendo que com a pandemia os negócios faliram, mas ao falar de sua história, a falência era anterior e apenas se agravou, decorrente de uma dinâmica que caminhava para o fracasso. Outro, relata pensar em suicídio desde a infância, contudo, após passar por período de isolamento por contaminação por COVID-19, pela possibilidade iminente da morte, esse pensamento seguiu para o planejamento.
Outra paciente, relata uma solidão imensa, um isolamento literal ocasionado pelo período, já distante emocionalmente dos familiares e dos pouquíssimos amigos que possuía, sendo a mudança de cidade mais um dificultador de interação nesse momento.
Além disso, é comum o discurso do aumento do consumo de substâncias psicoativas lícitas, tais como tabaco, álcool e remédios, e de ilícitas, como cannabis, cocaína, crack, entre outras.
O atendimento psicológico, e na possibilidade de uma análise, permitirá o paciente se haver com o que se repete ao longo da sua história e que se atualiza na crise; falar da sua dor, daquilo que o que o mantém cativo, poderá proporcionar-lhe uma liberdade subjetiva jamais sentida, não sem um custo. Vamos lá?