Masoquismo indica não só um tipo de satisfação revivida na sensação de dor, mas também obtida em qualquer forma de sujeição e humilhação.
Será que o masoquismo é uma característica mais frequente da feminilidade?
Freud não afirma que o feminino é masoquista, mas que o masoquismo é feminino. Portanto qualquer sujeito pode estar vivendo essa experiência sintomática.
Minha experiência junto a instituições que acolhem mulheres em situação de abuso levanta muitas questões. Escutamos muitas mulheres e meninas que, ao revelarem os abusos sofridos, são mal acolhidas pelos órgãos de denúncia e pelo sistema de saúde aos quais recorrem.
Sentindo-se desacreditadas, culpabilizadas e estigmatizadas ao fazerem seus relatos, quando o fazem, não contam com a escuta e com a proteção familiar, comunitária, jurídica e institucional da qual necessitam.
Desamparadas, elas silenciam.
Por não acreditarem na possibilidade de romper a condição de submissão ocorrida pela violência, essas mulheres suportam, às vezes por muitos anos, situações abusivas, de intenso sofrimento psíquico. E assim consideradas pelo senso comum “mulheres que gostam de apanhar, gostam de sofrer”.
Para uma mulher, não existe horror maior do que ver e sentir seu corpo, seu espaço psíquico e corporal, ser penetrado e invadido por uma sexualidade estranha sem que ela deseje
(CROMBERG, 2004).
O masoquismo feminino é inconsciente e se revela como repetição, uma espécie de fixação que necessita ser tratada. Esse é um tema bem complexo que demanda muitos estudos, sendo impossível esclarecer todas as dúvidas por aqui. Trago aqui algumas notícias sobre a questão delicada e sofrida. Estou à disposição para trocas sobre o tema, e também para tratar alguém que esteja sofrendo.