A automutilação vem se tornando um tema público mundialmente, estando presente nas abordagens da mídia, redes sociais e sites que são visitados diariamente, principalmente pelo público adolescente. Além de ser objeto de pesquisas e estudos, a automutilação na adolescência já tem sido considerada uma condição de saúde pública.
Na mídia, ganhou destaque em função de jogos como da “Baleia Azul” e outras postagens com a hashtag “automutilação”, principalmente em rede sociais bastante acessada por adolescentes. O que sempre é motivo de preocupações para os pais e profissionais da saúde mental.
Geralmente, na literatura, encontramos automutilação e autolesão como sinônimos, podendo ser definido como um comportamento intencional e direta de agressão ao próprio corpo, onde as manifestações mais frequentes são o ato de cortar a própria pele, arranhar-se, morder-se, queimar-se ou bater em si mesmo.
Na teoria Psicanalítica, encontramos artigos que consideravam na automutilação, aspectos como: agressividade, relação amor e ódio em relação a um objeto, pulsão sexual e atitudes autopunitivas, como manifestações presentes no ato de se cortar. Tais comportamentos geralmente são repetitivos, apontando para a impulsividade e compulsividade. Outro termo conhecido, aparece como cutting, sendo os cortes na pele a forma mais frequente deste comportamento, dando a ideia de uma ação contínua.
A automutilação geralmente é acompanhada de outras manifestações e sofrimento psíquico, como: sintomas depressivos, ansiedade elevada, comportamento opositivo desafiador, abuso de substâncias, situações de estresse pós traumático, transtornos alimentares, entre outros.
A automutilação não é uma prática nova, visto que há muito tempo se apresenta na história, porém se outrora o investimento corporal estava vinculada a ritos ou forma de incluir-se no meio social e cultural, no mundo contemporâneo tal investimento passou a ter outros significados. Pode-se, então fazer uma leitura de que a automutilação se inscreve por meio de uma linguagem especialmente fundamentada na angústia, enquanto obstrução dos significantes que estruturam o sujeito. Assim, o sofrimento sintomático, apresentado pelos adolescentes que se automutilam revelam a fragilidade subjetiva dos mesmos e falhas no processo de simbolização.
Na clínica psicanalítica tem sido frequente a procura por atendimento, para crianças e adolescentes, com essa queixa, principalmente com os efeitos da pandemia, no que se refere ao isolamento e mudanças nos laços sociais e laços familiares. Nesse trabalho os jovens encontram um espaço para falarem de seu sofrimento e serem escutados por psicanalistas que se dedicam a essa clínica tão importante.
Conte com a nossa escuta!