O desejo de fumar, o medo de adoecer pelos efeitos do cigarro e os desafios ao parar de fumar, são questões presentes no dia a dia de muitos fumantes. Percebemos assim, que além de ser um problema de saúde pública, o tabagismo é algo que causa sofrimento para muitas pessoas.
O tabagismo é considerado uma toxicomania que causa dependência física e psicológica, além de ser um dos responsáveis pelo desenvolvimento de doenças como o câncer, doenças coronarianas, pulmonares e derrame cerebral, levando a óbito cerca de 8 milhões de pessoas por ano no mundo (os dados podem ser encontrados no site da OMS).
Poderíamos assim, descrever vários problemas que o tabagismo pode causar na vida dos fumantes, mas nos interessa aqui pensar sobre o lugar que o cigarro ocupa na vida emocional daqueles que fumam, fazendo com que o ato de fumar se torne uma compulsão, ou seja, um ato repetitivo, aparentemente sem sentido, mas que a pessoa realiza na busca de evitar ou reduzir um mal-estar, uma aflição ou “preencher um vazio”, como descrevem alguns fumantes. Esse vazio, podemos pensar como fazendo parte da constituição do sujeito – uma falta – que busca-se preencher com um objeto (o cigarro) ou ato (fumar) que pode trazer a ilusão de uma suposta completude ou um alívio de uma angústia insuportável. Assim, podemos dizer que o ato de fumar encobre essa falta e a insistência e repetição desse ato serve para satisfazer e aliviar algo desagradável.
No tratamento Psicanalítico, nestes casos, busca-se ajudar a pessoa na reelaboração de conflitos subjetivos, ou seja, que ela encontre um caminho para repensar, reinventar e ressignificar esse sintoma do ato de fumar, percebendo a própria angústia na abertura para novas significações. Nesse processo, ao parar de fumar, é possível que a pessoa se depare com efeitos da abstinência, com ansiedade e insegurança, podendo encontrar na terapia psicanalítica uma escuta para vivenciar esse processo e ressignificação dessa história com o cigarro em sua vida.