Introdução à Clínica da Melancolia e dos Afetos Deprimidos

Ao longo de minha especialização foquei minha pesquisa nos afetos deprimidos e a clínica da melancolia. Me deparei com um campo muito mais amplo do que normalmente as pessoas associam com a depressão. Não é apenas a tristeza, o cansaço ou a incapacidade de realizar ações, sentimento de vazio, de não sentido de vida, bem como alterações da fome e do sono. Não é disso que se trata as depressões e melancolias, ou ao menos não só isso.

Diferentes Formas de Depressão

Vemos na psiquiatria diversas formas de ser acometido por esses diferentes transtornos, recebendo nomes como: depressão maior, distimia, depressão unipolar ou bipolar, depressão catatônica, entre outros. O aumento dos diagnósticos também expressa o aumento da porcentagem, onde vemos em média que 5% da população mundial pode estar sofrendo de depressão. Outros fatores sociais também são importantes a se considerar, como vulnerabilidade social, como pobreza e/ou que passam por violência. Também vemos aumento em populações minoritárias sejam pessoas negras, imigrantes, mulheres ou a população LGBTQIA+. Outro fator importante a se levar em conta é que é possível encontrar fenômenos depressivos já na primeira infância, até a velhice.

Depressão: Um Termo Guarda-Chuva

Essa é uma versão mais generalista do assunto, no qual a depressão é um termo guarda-chuva que engloba diversos sintomas e fenômenos distintos. Mas que normalmente a solução dada via a medicalização. Essa é uma perspectiva, uma trajetória, mas a psicanálise tem também uma história com os estudos e o tratamento desse sofrimento. Ela surge inicialmente com os estudos sobre a neurastenia, passando para mais tarde compreender os fenômenos do luto, da dor da perda e suas relações com essas patologias.

A Abordagem Psicanalítica das Depressões e Melancolias

Dessa forma, a psicanálise busca compreender as depressões e melancolias em seu aspecto mais subjetivo, de dar espaço a essa dor que ocupa a mente e o corpo de cada um que sofre com seus efeitos, com seus afetos. Se a cultura queixa-se que o deprimido é muito lento, a análise abre espaço para que o sujeito possa tomar todo tempo do mundo, para que possa falar, ou não. Para que possa chorar sem julgamentos, para que, no seu ritmo, possa entender sobre esse mal que o toca.

A Ética da Psicanálise: Uma Perspectiva Diferenciada

Assim, sua orientação é ética, não moral. Os psicanalistas não buscam “dar um jeito” no depressivo, mas sim compreender em qual espaço essa pessoa se situa. É uma ética do bem dizer, ou melhor colocando, do dizer bem, dizer mais. De poder contar sua história, sua dor, de si, cada vez mais. É pensar para onde está indo esse sofrimento. É poder criar sua própria história, junto e para além dos afetos depressivos.

Por Arthur Alexandre Dybowicz

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