No atendimento psicanalítico com crianças, nossa escuta se dá em relação a toda linguagem-comunicação, seja ela falada ou expressada através de gestos, do brincar, do desenho, ou outras formas que a criança encontra para demonstrar o que se passa com ela e o que a faz sofrer.
Nesta clínica, em específico, buscamos elucidar os problemas experienciados a partir da dinâmica do próprio sujeito – a criança – no percurso que ela atravessa e que se refere, justamente, a sua própria existência, dentro de sua linhagem familiar, bem como no lugar que ela veio a ocupar no desejo dos pais.
Investigar o que se passa com a criança implica em observar e compreender vários aspectos como: o cotidiano (rotina) da criança e da família; o brincar e o fantasiar; o desenvolvimento do corpo-linguagem e sua imagem; as manifestações da criança diante das normas e posição frente à Lei; a fala e posição na linguagem; a afetividade; as preocupações de quem traz a criança para atendimento; a situação escolar ou de aprendizagem; a posição desejante da própria criança, entre outros.
Nesse trabalho terapêutico há que se considerar que tudo o que é ato (agir) ou dizer sobre o ato relativo à criança ou à pessoa estruturante da mesma (pai, mãe, cuidador) produz efeitos sobre a criança. Efeitos esses que podem ser vitalizantes ou desvitalizantes dependendo do modo como avaliamos a reação e manifestações da criança.
Essa clínica exige uma formação precisa e contínua do psicanalista que se propõe a esse trabalho, pois trata-se de atender uma criança (sujeito) em sua constituição psíquica, na reorganização de seus laços afetivos e na reorganização das funções estruturantes para a mesma.