Nesse mundo agitado em que vivemos, não é incomum vermos crianças sofrendo de diversas formas, sejam com ansiedades, inseguranças, dores de barriga, alergias, dificuldades de se relacionar ou na escola.

O espaço de análise proporciona um lugar para esse sofrimento, pois os psicanalistas compreendem que a criança, mesmo estando em desenvolvimento, é um sujeito com suas próprias questões a serem elaboradas.

Muitas dessas questões não são incomuns para a família e os cuidadores dessa criança: “de onde eu vim?”, “o que é a morte?”, “o que vou ser quando crescer?”, “o que é um casamento? O que é um divórcio?” “eu sou amado?”.

Essas e muitas outras questões, apresentadas de múltiplas maneiras, podem ser expressas de forma verbal ou de outras formas. Podem aparecer como um medo, uma dificuldade em alguma matéria, em se comunicar, em fazer xixi na cama, em comer muito ou pouco, na agressividade ou até sintomas no corpo.

Mas como um psicanalista trabalha então com crianças?

Diferente de algumas formas de terapia, a psicanálise não busca psico-educar, ensinar o que é o certo e errado, mas sim dar espaço para a própria criança desenvolver suas questões, poder elaborá-las.

Essa elaboração acontece através de conversas e brincadeiras, pois o brincar para a criança também é uma forma de se expressar.

O brincar de carrinho, de princesa (ou príncipe), de cuidar de uma casa comunicam muito a forma que aquele pequeno sujeito percebe o mundo. Se os adultos escrevem mensagens, as crianças desenham, modelam a massinha, e o psicanalista não interpretará o desenho, mas dará o espaço para a criança falar sobre ele.

Não é incomum que a família possa participar desse momento, seja conversando, brincando ou estando ali em presença. Mas a analise é da criança, não é de seus pais. Assim o mesmo sigilo que é tão falado com os adultos, é resguardado para a criança, tudo que ela quiser contar nesse espaço é confidente, a menos que ela queira contar.

Dessa forma em análise a criança pode falar sobre o último episódio de Pokemon ou da Barbie, poderá falar sobre a atualização do Roblox ou do Genshin. Contar sobre seus amigos (não tão) imaginários, para também poder contar sobre sua escola. Falar o que fulano disse e como a professora reagiu. Em analise poderá contar sobre seus planos de aniversário e que quer ganhar de presente. Sobre seus medos antes de ir dormir, o monstro debaixo da cama e como é esse pavor de ir ao médico.

Uma análise com crianças, busca tudo aquilo que uma análise com adultos busca: a aparição de um sujeito que deseja. E com as crianças, o analista aposta que ali existe uma criança e não esperará mais, nem menos do que isso.

Por Arthur Alexandre Dybowicz

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