A maternidade solo é um desafio que vai além do cuidado diário com os filhos.
É uma experiência de lidar, muitas vezes sozinha, com as demandas emocionais, financeiras, sociais e sobretudo com os medos, que a criação de uma criança exige. No olhar psicanalítico, essa jornada está atravessada por um cansaço emocional profundo, que muitas vezes se origina da ausência de um “Outro” com quem dividir angústias, medos e responsabilidades.
Para a mãe solo, a “falta” pode ser intensificada pela ausência de amparo e pela sensação de que, em sua solitude, deve sustentar uma posição idealizada de força constante. Contudo, essa idealização cobra um preço: o esgotamento psíquico.
Sem um espaço de escuta ou acolhimento, a mãe solo pode se sentir presa em uma repetição incessante de obrigações, sem possibilidade de “desligar” ou encontrar um espaço de descanso emocional. Winnicott, ao falar sobre a função de sustentação do ambiente, nos lembra da importância de um suporte para que o sujeito possa existir de forma mais integrada. Mas que medo dá quando esse suporte está tão cansado a ponto de sentir que não está sendo suficiente.
O desejo de “não precisar ser mãe” por alguns momentos não é sinal de negligência, mas um grito legítimo de alguém que busca respirar, reabastecer-se e, paradoxalmente, ser ainda mais presente para os filhos.
A maternidade, não é sinônimo de sacrifício absoluto, mas de uma dança constante entre a entrega e o cuidado consigo mesma.