Você já ouviu falar que vivemos numa sociedade do desempenho e do cansaço? Onde todos pressionam a si próprios pelo grande sucesso pessoal ou para tentar cumprir metas inalcançáveis?
Daí que temos visto aumentar os casos de burnout, que é um sofrimento que tem aparecido cada vez mais no consultório, até mesmo entre os mais jovens, na faixa etária entre vinte e vinte e cinco anos. Essa condição ocasionada por esgotamento e estresse crônico no trabalho pode se manifestar através de diversos sintomas como sentimento de tristeza, ansiedade, insônia, pessimismo, sentimento de culpa, entre outros. É válido lembrar que cada um sofre à sua maneira.
Em janeiro de 2022 a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o burnout como uma doença ocupacional. Diante disso, os trabalhadores que sofrem de burnout terão maior garantia de acesso aos seus direitos trabalhistas e ao tratamento. Também podemos pensar que esse é um momento oportuno para ampliação do debate sobre o sofrimento laboral dentro das empresas e para talvez compartilhar suas experiências com amigos e familiares.
Além disso, existe uma reflexão importante quando pensamos nessa temática: o burnout não é um problema individual. Existe uma tendência que nos leva a pensar que nesses casos quem falhou foi o trabalhador, como se ele não tivesse dado conta daquilo que é sua obrigação. Não é disso que se trata.
O burnout é um mal-estar inerente à nossa cultura, afinal, vivemos em uma sociedade capitalista e produtivista que exige cada vez mais dos sujeitos.
A clínica psicanalítica tem nos dado pistas de que não é possível dar tudo de si, pelo menos não dessa forma que leva ao adoecimento. O sujeito paga com sua saúde, com seu corpo e com o seu psiquismo pelo excesso de trabalho.
Diante dessa situação, a análise pode ser um caminho para refletir sobre essa e outras questões, tornando eventualmente a vida mais tranquila.