Na prática clínica é frequente pacientes que procuram a análise não ter ideia do que o processo analítico envolve.

Em algumas situações, podem pensar que irá receber conselhos, aprender técnicas de como lidar com problemas, ou ter pensamentos perturbadores eliminados.

Mas não se trata disso. O Psicanalista não te ensina um caminho, ou sugere o que fazer. Ele vai com você, ao teu lado, as vezes de mãos dadas, mas nunca, jamais, vai soltar de sua mão enquanto você não conseguir voar.

É comum os pacientes buscarem ajuda em momentos de crise, em ocasiões que seu modo de atuar desmorona.

A prática analítica considera processos inconsistentes como algo profundamente ligado a vida. Escuta o inconsciente, as doenças, os sintomas, os sonhos, os atos atrapalhados, e similares que são manifestações da vida, e junto com o analisando busca compreender e investigar o solo das vitalidades e dos saberes esquecidos e ainda por vir, possibilitando ao paciente atuar de outras maneiras nas relações amorosas, no ambiente de trabalho e na vida social.

O processo da análise é como um desatamento de nós no desejo do paciente, que não se deixa desanimar pelos obstáculos nem dominar pelo Outro, um desejo antes inconsciente que não se submete à inibição. Não abre mão de seu desejo, não cede ao desejo do outro, e segue seu caminho sem as inibições, influências, valores e juízos internalizados do Outro.

A Psicanálise segue oferecendo um espaço para reflexão profunda, diante das pressões externas e da superficialidade das interações atuais. A análise compreende uma escolha constante, não cessa de relembrar, no curso da escuta flutuante, que o esquecido originário é o devir do saber e da Vida.

Citando Philippe Julien, ” uma análise serve para, um dia, morrermos menos idiotas”.

Por Loiri Trento

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