fbpx
A saúde do homem

A saúde do homem

Parte II

Há políticas públicas relativas ao acesso da população de homens aos serviços de saúde, como é o caso da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem[i], que traz detalhado material informativo sobre o assunto. Lembremos que é o Estado que tem que prover um sistema de saúde a contento à população em geral e, consequentemente, aos homens, no caso dos serviços de saúde pública específicos à população masculina. E também não custa lembrar que o SUS está entre os maiores e melhores sistema de saúde do mundo em um país de proporções geográficas e populacionais continentais.

A questão é que também sabemos que o acesso aos serviços de saúde e consequentemente o seu uso é desigual. Fora isso, com a lógica da uberização do trabalho parece estar ficando cada vez mais difícil poder recorrer ao sistema de saúde, já que o tempo daquele que do serviço público necessita, enfrentando fila no posto de saúde, é tempo em que não se está ganhando dinheiro, além de não se estar amparado pelo sistema trabalhista brasileiro. Quem são os que continuam não querendo entender isso?

A informação sobre prevenção e tratamento sobre o câncer de próstata está a um clique do mouse ou toque de tela. Do toque de tela chegaremos ao toque retal. Quando o assunto é a saúde masculina, geralmente a estatística traz percentis nada animadores a favor da saúde do homem. Há uma gama considerável de artigos científicos e jornalísticos[ii], que em geral retratam o descaso com a prevenção e certa aversão a cuidados médicos por parte do público masculino. 

Toda e qualquer informação sobre câncer de próstata está aí disponível para quem quiser. Só não há como obrigar alguém a buscar por informação, exame ou tratamento. É aí que entra em cena a campanha de conscientização contra o câncer de próstata Novembro Azul, do Governo Federal, Câncer de próstata: vamos falar sobre isso?[iii]

Ela é de extrema importância. Além disso, não devemos esquecer também que a conscientização, via informação, é entendida pela mente humana como explicação, algo similar a uma receita, digamos: faça x, procure por y, você tem que fazer assim, você não pode fazer assado e por aí vai. Vale ressaltar que uma campanha esteja no campo da explicação não é o mesmo que dizer que ela não funciona.

Ao contrário, estamos aqui pensando sobre o descaso masculino com a saúde, sua insistência em se sentir infalível (ou falível) que faz com que ele não consiga escutar o que, por exemplo, uma campanha contra o câncer de próstata está lhe dizendo. Isso de não conseguir escutar é do humano. Está no campo da escuta das manifestações inconscientes, daquilo que escapa do nosso controle, dessa vontade que tanto temos de fazer “x”, quando acabamos fazendo “y”, das coisas que sempre são começadas, mas nunca terminadas.

Assim, aqui no PsiSocial trabalhamos com o campo da escuta e não com o da explicação. Acolhemos através da escuta. Sim, isso porque é do humano entender só o que pode e o que quer. E na economia psíquica é bastante comum querer o bônus sem pagar o ônus. Aqui paga-se com o ônus e não tem bônus. Lembra da receita? Pois é, quem entrar em trabalho de análise é que irá escrevê-la. E irá escrevê-la (como puder ou quiser) justamente nos termos de que receita não há. Uma análise é cara, mesmo quando se paga por ela um preço mais acessível, por assim dizer.  

O texto acabou ficando um pouco longo, não é mesmo? Semana que vem tem mais.


[i] https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-do-homem. Acesso em 10 Agosto 2022.

[ii] https://www.ipemed.com.br/blog/saude-do-homem. Acesso em 10 Agosto 2022.

[iii] https://www.inca.gov.br/publicacoes/cartilhas/cancer-de-prostata-vamos-falar-sobre-isso. Acesso em 10 Agosto 2022.

Related Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *