fbpx

Blog

Latest News
Até Super-Homem Se Sente Fraco

Até Super-Homem Se Sente Fraco

Parte IV

Há, sem dúvidas, uma parcela de homens que está sofrendo por conta de ainda estar pendurada pelo colarinho à ideia de que, porque ele é homem, ele “tem que” ou “não tem que”. E mais, está sofrendo e ainda não percebeu. E não é só o perceber, não. De nada adianta perceber e negar o que percebeu. Se assim for, estão brincando com coisa séria.

Sabe quem brinca com coisa séria? Criança. Ela brinca com a sua própria imaginação, onde tudo é possível. Crianças brincam como se estivessem dentro de um desenho animado: feito Tom & Jerry uma passa com um carro por cima da outra que, depois de atropelada, se levanta e ainda sai andando feito uma folha de papel sulfite que, ao se chacoalhar, volta ao seu volume corpóreo normal e está tudo certo. Rimos. A imaginação da criança também voa, voando ela vira super-homem. Eu falei em brincar de super-homem, de ser esse alguém que defende a verdade, a justiça e a felicidade alcançada através da aquisição de bens materiais e que está esperando o chamado para resolver todos os problemas da humanidade. No entanto, Até Super-Homem Se Sente Fraco.

E diante do que super-homem se enfraquece, além de quando diante da Kriptonita?

Ele se enfraquece diante da magia. Desse terreno fértil do brincar, lúdico despropositado, onde nascem meninos que crescem e de fato se tornam homens, por terem aprendido na infância os limites que, com trabalho e sorte, os tornaram, os tornam e os tornarão Humanos, Demasiado Humanos[i]… potência de vida que faz o brincar girar na roda-gigante. Girar respeitando consequentemente seus corpos, suas vidas, o meio-ambiente e quem mais esteve, está, esteja ou estiver ao seu redor; mas antes de tudo, girar, se transformar através do mais banal encontro cotidiano, para algo além do ódio e do amor que nos constituiu, constitui e constituirá.  

Voar feito Super-Homem, o Super-Homem de Nietzsche, o filósofo alemão. Esse Super-Homem que pode imaginar outras histórias possíveis a partir do ponto em que história não se realiza mais pelo frescor do desejo… que possa transformar a história que range, a ponto de desejar que se pudesse deslizar e nadar como os golfinhos, tal qual a história contada na letra de Heroes[ii], pano de fundo para o casal que se beija sob o muro de Berlin como se nada mais pudesse cair, tal qual também as gangorras do arquiteto americano Ronald Rael[iii], que foram instaladas entre os vãos das pilastras de aço que compõem o muro que separa o México dos Estados Unidos, fazendo com que crianças (e adultos) de ambos os lados pudessem nelas brincar.

Histórias que voem para além deste estado de coisas estabelecido, engessado, onde as coisas são “assim” porque “assim” sempre foram.

Voar feito Super-Homem e não super-homem… até porque, se pensarmos bem, é meio esquisita, mesmo que limpa, aquela cueca que ele usa por cima das calças, não é verdade?!

… me perdi, do que que eu estava falando mesmo? Esse tipo de pergunta, por sinal, é bastante comum de ser formulada por aqueles que estão em análise… 


[i] Livro do filósofo alemão Nietzsche, lançado em 1878.

[ii] https://genius.com/David-bowie-heroes-lyrics.

[iii] Rael, R. Borderwall as architecture. Oakland, Califórnia: University of California Press: 2017.

Related Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *